Desde 2016, a Orquestra Sinfônica de Teresina e a Niederrheinische Sinfoniker, da Alemanha, vêm realizando um intercâmbio entre seus músicos, com o objetivo de trocar experiências e compartilhar o que cada uma tem de melhor. O projeto começou com a ida do maestro Aurélio Melo e do percussionista Gilson Fernandes à cidade alemã Mönchengladbach, em janeiro de 2016. Em outubro do mesmo ano, a OST recebeu a violinista ucraniana Tatjana Cherepashchuk.
Em 2017, por sua vez, mais uma etapa do projeto foi realizada. Nos meses de julho e agosto, o músico alemão Dominik Lang esteve
na capital trabalhando com os músicos da Orquestra Sinfônica de Teresina. Ele chegou à cidade na segunda quinzena de julho,
acompanhado de Célia do Bomfim, piauiense que mora há 18 anos na Alemanha e pessoa responsável por iniciar os contatos entre as
duas orquestras. Lang atua na Alemanha como percussionista da Niederrheinische Sinfoniker desde 1996. Também é professor da
Städtische Musischule Krefeld desde 1999, e integra a banda de rock Infused, fundada em 2011, na qual atua como baterista. Logo em sua chegada, destacou a oportunidade de conhecer a diversidade rítmica brasileira, vivenciando e ensaiando um repertório sobre o qual os europeus têm curiosidade de aprender.
Sua primeira apresentação com a Orquestra Sinfônica de Teresina foi em São Raimundo Nonato, onde participou da Cantata
Gonzaguiana na Ópera da Serra da Capivara, tocando tímpano em músicas tipicamente nordestinas. Além desse concerto, Dominik
Lang e os músicos da OST tiveram uma agenda cheia de ensaios e essa troca de experiências resultou em dois concertos especiais,
liderados pelo percussionista, que aconteceram no Palácio da Música.
O primeiro deles foi realizado no início de agosto, quando Lang se apresentou com a participação da OST. No repertório, composições próprias (“Fata Morgana Mozartiana” e “Bala Bala”), músicas dos compositores eruditos Jaromir Weinberger, Mauricio
Kagel e Karl Bastos, e músicas brasileiras como “Reisado”, “Sarau na Roça” e “Mimbó”. O concerto seguinte, quatro dias depois, foi
todo conduzido por Lang: o alemão apresentou obras eruditas e populares, com a participação de músicos locais.
Para o maestro Aurélio Melo, o intercâmbio é de importância fundamental não só para o desenvolvimento técnico dos músicos
piauienses, mas também para o aprendizado em relação à postura profissional característica dos músicos europeus. “Temos
consciência de que eles têm o melhor do que necessitamos aqui, que são as técnicas apuradas de afinação, de interpretação de música
erudita, e nós sabemos também que eles têm interesse na música brasileira”, conta Aurélio. Nesses aspectos, essa interação já tem
dado os primeiros frutos e o objetivo agora é dar continuidade, sempre enviando um músico para lá e recebendo outro aqui.